Por Mariana Macedo e Lara Castello
A decisão de ser professor é um enorme ato de coragem. Na nossa vivência enquanto futuras professoras de História, é comum que esse “choque de realidade” aconteça até no momento em que assumimos esse desejo em seguir pelo caminho da docência perante à sociedade, afinal, quem nunca foi sutilmente aconselhado a desistir nesse processo, com questionamento como o famoso “você já pensou em cursar Direito?”. É fato que esse cenário é influenciado por diversos fatores culturais, sociais e econômicos, que demandam muitas linhas para serem explorados com a profundidade necessária a esse tipo de discussão. Mas, a verdade é que a realidade de todos os professores, independentemente da disciplina, é marcada por desafios que envolvem uma enorme energia emocional e intelectual.
Dessa forma, é no intuito de promover a solidariedade entre os futuros educadores que acreditam no seu potencial de transformação que surge o Encontro PIBID e RP (Programa Residência Pedagógica), cuja sexta edição foi realizada na sexta-feira, dia 1 de setembro de 2023. Esse evento aconteceu no ginásio da Faculdade de Educação Física da Unicamp (FEF/UNICAMP) e contou com a participação de bolsistas de diferentes cursos de graduação, não se restringindo apenas aos editais da História e promovendo, assim, uma conversa interdisciplinar extremamente benéfica para os participantes. No evento, pudemos olhar para as nossas experiências incipientes no universo da docência proporcionadas pelos programas de bolsas da CAPES.
Na primeira hora do evento, houve a realização de atividades gerais que ajudaram a descontrair e estimularam a interação entre os bolsistas, contando com o “jokenpô com torcida” e com a “dinâmica do terremoto”, entre outras. Esse primeiro contato foi essencial para estimular o senso de coletividade entre os estudantes das diferentes licenciaturas. Não demorou muito para que a confluência de experiências e de questionamentos que partiam de lugares comuns levasse-nos a várias reflexões. Conversando com os nossos colegas, percebemos que conforme íamos nos familiarizando com o universo da docência, notávamos que o reconhecimento do nosso papel crucial na formação e no desenvolvimento dos estudantes vinha, por vezes, acompanhado da crescente carga de responsabilidades nas costas dos professores. Entretanto, é fato que os professores não mudam o mundo sozinhos (ufa?), a transformação social e, inclusive, educacional envolvem um esforço coletivo, o que não retira de maneira alguma a nossa importância enquanto uma engrenagem importantíssima que gira em nutre em cada aluno que passa por nós a esperança em um novo amanhã.
Nesse sentido, o Encontro, em um segundo momento, buscou tratar de uma maneira abrangente sobre a cultura do acolhimento e da convivência na escola. Discutimos sobre como a colaboração entre os professores enquanto classe fortalecida pode contribuir na criação de um espaço inclusivo que contemple as múltiplas experiências e perspectivas existentes no ambiente de aprendizagem, oferecendo suporte e apoio aos estudantes. Essa dinâmica foi realizada a partir da composição de grupos interdisciplinares. A proposta era que cada grupo fosse formado com uma média de 12 bolsistas de 4 cursos divergentes, permitindo que compartilhassem experiências, conhecimentos e práticas que poderiam inspirar a lidar com os conflitos apresentados no ambiente escolar de maneira construtiva. No fim, cada grupo realizou os seus apontamentos, e as nossas conclusões caminharam para a reflexão de como essa colaboração entre professores pode levar a um ambiente que beneficia não apenas os alunos, mas a qualidade geral da educação. Nós estamos em constante aprendizado, e essa é, sem dúvidas, uma das magias desse processo.
Ser professor é um compromisso apaixonado, mas não só isso. Ainda há muitos caminhos a serem descobertos e muitas barreiras a serem transpostas. Saber que nenhum professor solta a mão do outro é um suspiro, é o que faz a luta por uma educação de qualidade acessível a todos valer a pena.
Pibid História - Unicamp 